Nesses primeiros dias de criação do MUD estou recebendo muitos incentivos e a visitação do blog só está aumentando. Agradeço a força e aguardo críticas e sugestões.
Aqueles que acham que a odontologia está bem das pernas, começo escrevendo sobre os recém formados.
Analisemos a busca pelo primeiro emprego...
A primeira pergunta é: "Aonde consigo um emprego?" Essa pergunta fica mais complicada quando não se têm parentes ou conhecidos dentistas.
Eis então que alguém lhe fala sobre o Conselho Regional de Odontologia ou CRO! Geralmente um amigo ou um professor mais chegado que dá a sugestão.
Talvez seja nesse momento uma das poucas vezes que você se lembre da existência do Conselho (a outra é no mês de janeiro, quando chega o boleto da anuidade).
Acho que praticamente todos os recém formados recorrem ou já recorreram aos classificados do CRO à procura de um emprego.
E logo nesse início já identificamos nosso primeiro problema.
Todos vocês que já recorreram aos classificados do CRO, sabem que no mesmo existem anúncios bem vagos, na maioria das vezes pedindo que trabalhe todos os dias da semana e com sistema de porcentagem. A maioria opta então por uma clínica mais perto de casa ou que tenha um percentual maior, já que todos os anúncios são parecidos.
Vou contar aqui um exemplo de uma primeira experiência profissional.
Bom, após verificar os classificados do CRO, escolho o mais conveniente para mim e ligo então para marcar a tão sonhada entrevista. Nesse momento bate aquela ansiedade para ir bem e conseguir seu primeiro emprego. Preparo então meu currículo cheio de estágios, iniciações científicas, atualizações e monitorias, confiante que todas essas qualificações sejam um grande diferencial nessa hora.
Me arrumo e vou à entrevista de emprego. Ao chegar ao local indicado, temos nossa primeira surpresa: A clínica que sonhamos tanto um dia trabalhar não é lá essas coisas. São as famosas clínicas populares ou pseudo populares. Quase sempre clínicas com equipos velhos, falta de materiais que até então não vivíamos sem e esterilização precária (alguns lugares trabalham com estufas ainda).
Pausa para algumas perguntas:
. Como o CRO anuncia uma clínica nesse estado em seu próprio site e em seu próprio jornal?!
. Cadê a fiscalização?!
. Onde está a tão famosa biosegurança que tanto martelaram na minha cabeça na faculdade?
Chega então à hora da entrevista: sento, cumprimento, entrego o currículo e começo a responder as perguntas...
Conversa vai, conversa vem e o contratante me diz que a clínica tem uma clientela muito grande, que com o sistema de porcentagem vou conseguir tirar um dinheiro bom. Quanto ao material, caixa de luvas e o kit kavo você traz de casa, o resto nossa clínica oferece. Em relação ao pagamento, sistema de porcentagem 35%, sem carteira assinada e sem direitos...
“Para você está legal?!”
Nesse momento você começa a refletir tudo que o mesmo disse... 35% é pouco, mas é meu primeiro emprego. Depois consigo algo melhor... Você meio contrariado aceita, respira aliviado, porém o pior ainda estava por vir.
O dono da clínica então solta a seguinte frase: "ah, esqueci de falar...aqui aceitamos planos de saúde...eles pagam 12 reais em uma resina por exemplo, mas como são muitos pacientes, dá pra sobreviver...e solta aquele risinho amarelado. Pronto! Nesse momento você traz de volta uma das matérias que você mais quis esquecer quando terminou a escola: A matemática! 35% de 12 reais é R$ 4,20. Que beleza!!! (Isso quando eles não glozam seu procedimento alegando muitas vezes coisas sem critério). Para completar a insegurança pessoal o contratante adverte: “Ah, outra coisa, a responsabilidade pelos procedimentos realizados por você é somente sua, a clínica não se responsabiliza por nada, se for preciso repetir tudo será descontado do seu salário.”
Abro esse espaço para outras perguntas:
. E o piso salarial do Dentista?
. Ganhar R$ 4,20 em um procedimento que demanda tempo, precisão e conhecimento é justo?
. Cadê o sindicato dos dentistas que não briga pelo direito da carteira assinada, férias, 13º?
. Se eu me machucar, como fico?
. Será que na odontologia atual, quantidade é melhor que qualidade?
Pronto, você começa amanhã! Levanto e vou para casa, na dúvida se fiz ou não um bom negócio em ter aceitado o emprego...
Não sei se prestaram atenção, mas... E o currículo?! O dono não se prestou nem ao trabalho de folhear para ver se sou ou não qualificado para o emprego!
Mais perguntas:
. O que leva um dentista que já tem sua situação tranqüila explorar recém formados?
. Cadê o CRO para me informar dos meus direitos e deveres e atender as denúncias de fiscalização?
. Como vou pagar uma anuidade de R$ 326 reais, se ganho pouco e ainda com esse dinheiro tenho que pagar minha alimentação, meu transporte e as caixas de luvas?
Acho que nesse pequeno exemplo ficou clara a quantidade de problemas que estamos vivendo. (Nos próximos textos tentarei exemplificar cada uma dessas palavras que estão em negrito), mostrando as reivindicações dos dentistas, as explicações do CRO e algumas sugestões de como podemos melhorar...
Antes de ir quero deixar a última pergunta no ar para todos que estão lendo isso reflitam...
. Será que uma maior valorização da sua profissão, a Odontologia, pelo dentista, não resolveria grande parte desses problemas?
Fica a dica...
Não fique parado, MUD!
AllBlogToolsFacebook comments for blogger brought to you by AllBlogTools.com , Get Yours?
https://mail.google.com/mail/?ui=2&ik=b03af2a7b6&view=att&th=12a84cb2544c8f64&attid=0.1&disp=inline&zw
ResponderExcluirYuri, leia isso!
A odontologia faz de seus profissionais verdadeiras prostitutas e o Conselho não faz nada. Mas isso é culpa do próprio profissional que não vai à justiça denunciar seu patrão que lhe oferece 30% do que o convênio paga e trabalha sendo explorado, sem direito a férias, 13 salário, auxílio maternidade e etc.Pois neste país há leis que devem ser cumpridas, mas os nossos colegas dentistas não sabem ou se fingem de idiotas.
ResponderExcluir