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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Planos de Saúde Odontológicos

O tema que escreverei hoje é um dos assuntos que mais incomodam os dentistas: planos de saúde.


Nesses últimos nove anos, a procura por planos odontológicos disparou.

Consultando os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), descobri que a comercialização de planos individuais odontológicos, cresceu mais de 500% entre dezembro de 2000 e março de 2009.

Grande parte desse crescimento, certamente está na vinculação dos planos odontológicos aos planos de saúde médico, geralmente como um serviço adicional.

É como se fosse um verdadeiro bônus para as pessoas que adquirem um plano médico. Com uma taxa de adesão “ínfima” (comparado ao valor dos planos médicos) variando de 15 a 40 reais por mês o contratante leva o plano odontológico e garante o tão sonhado sorriso perfeito.

Na teoria isso seria perfeito, porém na pratica, tirando os donos dos planos de saúde, todos saíram perdendo.


Em relação à população:

A população em geral chega até os planos de saúde odontológicos de diversas formas. Têm as pessoas que estão em busca de um tratamento dentário, porém não possuem muito dinheiro para executá-lo e dessa maneira encontram nos planos uma alternativa de pagar uma quantia baixa mensal, não comprometendo o ordenado.

Têm também as pessoas que são contratadas por empresas e multi nacionais que como têm uma quantidade de funcionários muito grande, incluem no seu pacote de benefícios para os empregados o plano de saúde odontológico. Essas pessoas nem sempre estão à procura de tratamento, porem aceitam a inclusão do beneficio, pois o valor descontado do salário é bem pequeno.

Há ainda a terceira opção, que são a maioria, que são as pessoas que vão à procura de um plano médico (devido ao grande caos que se encontra a área de saúde no Brasil) e são “convencidos” a levar o plano odontológico. Como já citado anteriormente, fechando o plano médico, o mesmo leva inteiramente grátis (ou pagando uma taxa pequena) o odontológico. Pura estratégia de marketing para vencer a concorrência.

Em tese, todos os citados sofrem com os planos.

Em primeiro lugar o plano de saúde não cobre todos os procedimentos que a população necessita. Logo quando a mesma precisa de um procedimento mais complicado, que na sua grande maioria é mais caro, a pessoa tem que pagar do próprio bolso.

Depois temos o problema do descaso do dentista. A maioria das pessoas que utilizam planos precisam marcar consultas com certa antecedência, pois alguns dentistas orientam suas secretárias a dar preferência às pessoas particulares, uma vez que o retorno financeiro chega a ser cinco vezes maior que as pessoas vindas de plano. Com a demora, muitos tratamentos que seriam mais fáceis de tratar se complicam, fazendo com que a pessoa quando atendida entre nos procedimentos não cobertos pelo plano.

Por ultimo, li muitas queixas sobre dentistas que tratam mal e com rapidez o paciente vindo de plano de saúde, visando sempre à quantidade de pessoas atendidas em um dia. Além de tratamentos em geral de baixa qualidade (explicarei mais detalhadamente quando falar sobre dentistas).

Em relação aos dentistas:

Os dentistas que aceitam planos se dividem em três tipos na minha opinião:

O primeiro tipo são os recém formados que precisam de um grande movimento em seus consultórios para formar a tão sonhada clientela. Esses acabam aceitando grande parte dos planos de saúde sem nem se dar ao trabalho de ler contrato ou coisa do tipo. Só visam o crescimento quase que instantâneo do numero de pacientes na sala de espera.

O segundo tipo são os exploradores. Esses já tem uma situação tranqüila na odontologia. Muitos já trabalham com odontologia há muito tempo e ganharam muito dinheiro quando a mesma dava muitos lucros. Os exploradores, no momento atual, enxergam a odontologia como um grande negócio, uma forma de aumentar seus rendimentos sem estar dentro do consultório. Dessa forma abrem clinicas cheias de equipos e contratam recém formados cheios de gás para trabalhar. Junto a isso aceitam vários tipos de planos odontológicos, para assim o consultório ficar sempre cheio, ou seja, sempre visando o lucro.

O terceiro e ultimo tipo são os oportunistas. Sei que a palavra é um pouco pesada, porem defino esses como os dentistas que aceitam planos em busca ou do paciente precisar de algum procedimento que não está incluído na tabela do plano ou do mesmo recomendar um amigo ou familiar que não tenha plano. Pelo que tenho conversado com dentistas, isso muitas vezes funciona...

Antes de terminar meu ponto de vista dos dentistas gostaria de esclarecer sobre os tratamentos em geral de baixa qualidade citado no item anterior. Alguns vão achar absurdo, outros super normal, porem muitos dentistas que atendem plano usam material de péssima qualidade. A maioria alega que pelo fato do plano pagar mal uma restauração, o mesmo para ter um mínimo de lucro não pode se dar ao luxo de comprar, por exemplo, resinas e adesivos de alta qualidade. Alguns para não perder o paciente, mudam o plano de tratamento para receber do plano. Como exemplo, posso citar o fato de alguém precisar de uma coroa. Como o plano não cobre e o paciente não tem como pagar a coroa, o dentista diz que uma simples resina serve e compromete assim o tratamento. Tudo visando o lucro.

Quis situar vocês antes de qualquer coisa, pois tenho certeza que o que realmente preocupa os dentistas em relação aos planos de saúde são os valores de certos procedimento que são baixíssimos e o famoso “glozar”. Vamos exemplificar: O dentista faz uma resina classe IV no paciente e o mesmo da entrada no plano. O dentista recebe um valor baixo (20 reais) e só daqui a um mês ou dois. O pior de tudo é que muitas vezes o valor não é pago, o famoso “ glozaram meu procedimento”, por motivos em sua maioria sem critério.

Em relação ao CRO:

Deixei por ultimo o CRO, pois sabendo das queixas dos pacientes e dos profissionais quis entender o que seria feito para mudar o panorama atual. Fui recebido por um dos conselheiros da atual gestão e ao fazer algumas dessas perguntas o mesmo me disse o seguinte:

1-    Está sendo criada a tabela FIPE (fundação instituto de pesquisas econômicas) dos procedimentos odontológicos. Segundo o conselheiro a FIPE é um órgão da Universidade de São Paulo – USP na qual vai padronizar o valor dos procedimentos odontológicos, criando um valor mínimo que deverá ser cobrado por dentistas e pago por planos de saúde. Dessa maneira o mesmo acha que acontecerá uma valorização da odontologia, não ficando a mercê dos planos de saúde. O CD com esses valores, segundo ele, será distribuído no CIORJ desse ano dentro das bolsas dos brindes. Fiquem atentos!!

2-    Outra coisa que ele citou é o fato de todo dentista registrado no CRO ter um apoio jurídico gratuito. Isso quer dizer que antes de assinar qualquer contrato com o plano de saúde, você pode solicitar que um dos advogados do CRO veja se está tudo dentro da lei. Só assim segundo ele o CRO pode combater os contratos absurdos que estão fazendo por aí.

3-    Ainda em relação aos planos o mesmo terminou dizendo que o dentista só vai conseguir sair desse aprisionamento dos planos no momento que não aceitar qualquer contrato e começar a se valorizar, fazendo procedimentos coerentes e não se adequando ao que essas empresas querem.

Termino dizendo que nesse texto pesquisei dados, dei minha opinião, mas de verdade acho que para resolvermos o problema dos planos de saúde temos que nos valorizar! Pode parecer chato bater na mesma tecla, porem só dando valor a nossa profissão não aceitaremos contratos pífios, valores imorais e outros dentistas pararão de fazer atrocidades por causa de vinte reais. O plano de saúde só será bem vindo quando o mesmo valorizar o dentista, dando crédito ao profissional e o respeitando. Não podemos realizar um procedimento e ficar esperando meses para receber uma quantia que não condiz com nossa formação pessoal e profissional.

Dê sua opinião também... Vamos conversar sobre o tema!

Para refletir hoje deixo a seguinte pergunta: Não seria melhor em vez de planos de saúde o dentista ter a percepção do que é melhor para o seu paciente, comunicá-lo e tentar dividir o tratamento do mesmo se adequando as condições que o mesmo pode pagar?

Juntos, começaremos a ter peso nas discussões.

Sozinho ninguém muda nada e ta mais que provado que a união faz a força!

Não fique parado, MUD.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Recém Formados

Nesses primeiros dias de criação do MUD estou recebendo muitos incentivos e a visitação do blog só está aumentando. Agradeço a força e aguardo críticas e sugestões.

Aqueles que acham que a odontologia está bem das pernas, começo escrevendo sobre os recém formados.

Analisemos a busca pelo primeiro emprego...

 A primeira pergunta é: "Aonde consigo um emprego?" Essa pergunta fica mais complicada quando não se têm parentes ou conhecidos dentistas. 

Eis então que alguém lhe fala sobre o Conselho Regional de Odontologia ou CRO! Geralmente um amigo ou um professor mais chegado que dá a sugestão.

Talvez seja nesse momento uma das poucas vezes que você se lembre da existência do Conselho (a outra é no mês de janeiro, quando chega o boleto da anuidade).

 Acho que praticamente todos os recém formados recorrem ou já recorreram aos classificados do CRO à procura de um emprego.

E logo nesse início já identificamos nosso primeiro problema.

 Todos vocês que já recorreram aos classificados do CRO, sabem que no mesmo existem anúncios bem vagos, na maioria das vezes pedindo que trabalhe todos os dias da semana e com sistema de porcentagem. A maioria opta então por uma clínica mais perto de casa ou que tenha um percentual maior, já que todos os anúncios são parecidos.

Vou contar aqui um exemplo de uma primeira experiência profissional.

Bom, após verificar os classificados do CRO, escolho o mais conveniente para mim e ligo então para marcar a tão sonhada entrevista. Nesse momento bate aquela ansiedade para ir bem e conseguir seu primeiro emprego. Preparo então meu currículo cheio de estágios, iniciações científicas, atualizações e monitorias, confiante que todas essas qualificações sejam um grande diferencial nessa hora.  

Me arrumo e vou à entrevista de emprego. Ao chegar ao local indicado, temos nossa primeira surpresa: A clínica que sonhamos tanto um dia trabalhar não é lá essas coisas. São as famosas clínicas populares ou pseudo populares. Quase sempre clínicas com equipos velhos, falta de materiais que até então não vivíamos sem e esterilização precária (alguns lugares trabalham com estufas ainda).

Pausa para algumas perguntas:

. Como o CRO anuncia uma clínica nesse estado em seu próprio site e em seu próprio jornal?!
. Cadê a fiscalização?!
. Onde está a tão famosa biosegurança que tanto martelaram na minha cabeça na faculdade?

Chega então à hora da entrevista: sento, cumprimento, entrego o currículo e começo a responder as perguntas...
Conversa vai, conversa vem e o contratante me diz que a clínica tem uma clientela muito grande, que com o sistema de porcentagem vou conseguir tirar um dinheiro bom. Quanto ao material, caixa de luvas e o kit kavo você traz de casa, o resto nossa clínica oferece. Em relação ao pagamento, sistema de porcentagem 35%, sem carteira assinada e sem direitos...

“Para você está legal?!”

 Nesse momento você começa a refletir tudo que o mesmo disse... 35% é pouco, mas é meu primeiro emprego. Depois consigo algo melhor... Você meio contrariado aceita, respira aliviado, porém o pior ainda estava por vir. 

O dono da clínica então solta a seguinte frase: "ah, esqueci de falar...aqui aceitamos planos de saúde...eles pagam 12 reais em uma resina por exemplo, mas como são muitos pacientes, dá pra sobreviver...e solta aquele risinho amarelado. Pronto! Nesse momento você traz de volta uma das matérias que você mais quis esquecer quando terminou a escola: A matemática! 35% de 12 reais é R$ 4,20. Que beleza!!! (Isso quando eles não glozam seu procedimento alegando muitas vezes coisas sem critério). Para completar a insegurança pessoal o contratante adverte: “Ah, outra coisa, a responsabilidade pelos procedimentos realizados por você é somente sua, a clínica não se responsabiliza por nada, se for preciso repetir tudo será descontado do seu salário.”

Abro esse espaço para outras perguntas:

 . E o piso salarial do Dentista?
 . Ganhar R$ 4,20 em um procedimento que demanda tempo, precisão e conhecimento é justo?
. Cadê o sindicato dos dentistas que não briga pelo direito da carteira assinada, férias, 13º?
. Se eu me machucar, como fico?
. Será que na odontologia atual, quantidade é melhor que qualidade?


Pronto, você começa amanhã! Levanto e vou para casa, na dúvida se fiz ou não um bom negócio em ter aceitado o emprego... 
Não sei se prestaram atenção, mas... E o currículo?! O dono não se prestou nem ao trabalho de folhear para ver se sou ou não qualificado para o emprego! 

Mais perguntas:

. O que leva um dentista que já tem sua situação tranqüila explorar recém formados?
. Cadê o CRO para me informar dos meus direitos e deveres e atender as denúncias de fiscalização?
. Como vou pagar uma anuidade de R$ 326 reais, se ganho pouco e ainda com esse dinheiro tenho que pagar minha alimentação, meu transporte e as caixas de luvas?

Acho que nesse pequeno exemplo ficou clara a quantidade de problemas que estamos vivendo. (Nos próximos textos tentarei exemplificar cada uma dessas palavras que estão em negrito), mostrando as reivindicações dos dentistas, as explicações do CRO e algumas sugestões de como podemos melhorar...
Antes de ir quero deixar a última pergunta no ar para todos que estão lendo isso reflitam...

. Será que uma maior valorização da sua profissão, a Odontologia, pelo dentista, não resolveria grande parte desses problemas?


Fica a dica...


Não fique parado, MUD!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Motivo da criação

Esse blog foi criado para discutirmos idéias e darmos sugestões para lutarmos a favor da odontologia.

Não podemos ficar parados com a banalização constante que nossa profissão vem sofrendo.

Desse modo criei o M.U.D que significa "Movimento de União dos Dentistas".

Acredito que o ponto de partida dessa mudança seja a união dos profissionais, pois se não houver ajuda e interesse em mudar, continuaremos estagnados. 

Nossa união nos trará a valorização da qual tanto precisamos.Publicarei textos aqui sobre assuntos polêmicos da odontologia de um modo geral e peço gentilmente para que leiam e opinem, mandando sugestões e até mesmo textos.

Se você se sente incomodado com tudo que está havendo, junte - se ao M.U.D para que JUNTOS possamos mudar alguma coisa na odontologia.